Sentimos como nascem aquelas emoções tão negativas, como é o medo, a revolta e por último o ódio e a injustiça...quase que é palpável que podia acontecer a qualquer um, ser humano, se estivesse nas mesmas condições. Tudo depende das escolhas que fazemos no momento. Por vezes, não temos o discernimento ou a capacidade de fazer as escolhas mais acertadas, mais pacíficas...talvez seja isso que nos diferencia, talvez nada mais do que isso.
A par de tudo isto Afonso Catalão, especialista em Ciência Política e Estudos Orientais vai investigar o que realmente se passou quando um seu aluno - Ibrahim se barrica num autocarro em pleno Marquês de Pombal, Lisboa e faz explodir uma bomba matando os seus passageiros e deixando depois surpreendido o próprio Afonso Catalão...o seu aluno, que transformação ele teria passado ? Não o reconhecia capaz de um atentado, quem estaria por detrás daquele atentado?!
O que mais me impressionou foi a história de Sarita que, com a sua família, vem da Síria, atravessando o Mar Egeu (Grécia) para a Europa. Acompanhamos a simplicidade desta família, o amor pelas tradições que têm, a sua cultura árabe, o respeito que têm uns pelos outros, e acima de tudo por Alá ao qual dirigem as suas preces com um amor profundo e respeito imenso. Abominam a violência e vivem com o duro trabalho do dia-à-dia, sempre com boa disposição, com alegria de estarem juntos...bem nem todos, o irmão de Sarita, vê-se em revolta, numa angústia completa e conseguimos compreender a razão de tais sentimentos.
Ao mesmo tempo, Catalão vai descrevendo o seu próprio percurso e a sua passagem por Istambul. O seu enorme amor - Fatima, pela qual se converte ao Islamismo. Mas os corvos são sinal de mau presságio, como diz Catalão, pelo que ao longo do livro, vão acontecendo várias desgraças que no fim se ligam num entrelaçado de encontros e desencontros. As razões para determinados acontecimentos, afinal não eram o que aparentavam ser...
Gostei imenso da escrita do autor, da história e de entrar nesta forma de ser árabe.
O conhecimento é de facto o que separa as pessoas da ignorância e a ignorância pode proteger-nos de muitas associações estúpidas e até perigosas. É claro que já tenho todos (menos o último) livros da série Afonso Catalão e um destes dias, com toda a certeza darei continuidade a estas leituras.
Ahh já agora, gostei também do jeito pacífico, alentejano e também simples deste agente secreto :-).
Emoções / sentimentos despertadas com este livro:
- Empatia;
- Humildade;
- Simplicidade;
- Injustiça;
- Raiva;
- Incompreensão.
🌠Ler quando:
- Quer aprender mais sobre outras culturas (particularmente a árabe);
- Precisa de entender que a humanidade é uma só;
- É importante pôr-se ma pele dos outros (sentir o que o outro sente);
- Se anda baralhado de ideias e confunde-se religião com qualquer forma de agressão e violência contra si e contra os outros;
- Precisa de entender que todas as religiões e culturas têm um fundo bom e merecem ser respeitadas e compreendidas;
- É importante verificar que devemos respeitar e entender as tradições de outros povos e culturas e ao fazê-lo estamos a ser mais humanos.
Fica a aqui um site onde podem ouvir alguns episódios deste livro (podcast)
Outros livros desta série:
Pecados Santos (2º da série)
A Última Ceia (3º da série)
A Morte do Papa (4º da série)
O Cardeal (5º da série)
Título: Célula Adormecida
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460 páginas
Autor: Nuno Nepomuceno
Editora: Cultura Editora
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