Este foi sem dúvida, um dos melhores livros que li em 2019, talvez o 2º melhor livro lido, logo após o "Tempo entre Costuras" de Maria Dueñas.
Que "livraço" este!! Pedra preciosa, por um lado, pelo aspeto magnífico que apresenta, por outro, pela densidade da história que nos apresenta, cheio de ingredientes que nos dão que pensar.
Todo ele ilustrado com maravilhosas flores desenhadas a tinta preta e que vão acompanhando a história da personagem principal, desde a capa, passando pelo índice e abertura de capítulos.
Cada capítulo abre com uma determinada flor, pertencente à vasta flora silvestre do território australiano (daqui se pode concluir que até acerca da flora Australiana podemos aprender) e cada capítulo tem, portando, um determinado significado dado pela flor que o apresenta. Trata-se de uma linguagem própria - a linguagem das flores - aprendida desde cedo com a mãe de Alice, consolidada com a avó e que a continua a acompanhar vida fora.
A ervilha-do-deserto-de-sturt é talvez a flor que me marcou mais, não só porque é descrita como pertencente a uma paisagem surpreendente do deserto australiano, como pelo significado profundo que tem para Alice e, quando se lê a paisagem que é descrita, cheia do colorido destas flores é absolutamente emocionante!
Bem, mas voltando à história, que se quer explicada de forma ligeira, porque caso contrário perde a piada toda ! Alice ainda é uma criança quando o livro começa. Vive com os pais junto à costa, portanto perto do mar, mas Alice mal sai da periferia da sua casa, e, quando acompanha o pai ao surf, este ensina-a a manter-se em cima de uma prancha, mas também é extremamente severo com a menina quando ela, por descuido, se desequilibra...este pai ultrapassa até a categoria de "severo", ele é mesmo mau e violento - para a mãe de Alice e para ela própria. Um dia, a menina arrisca-se a ir até à biblioteca da vila vizinha e quando lá entra sente-se absolutamente encantada com tantos livros que vê, a sua paixão por livros e pela leitura aumenta cada vez mais.
Imagem do Pixabay: Ervilha-do-deserto-de-Sturt |
O livro tem duas partes distintas, quase até três partes, uma em que Alice é criança e vive com os pais, outra em que a protagonista é já adulta (jovem) e vive numa quinta da avó paterna que é produtora de flores para venda e, podemos considerar uma outra parte, em que Alice vai para o interior Australiano e vive sozinha, sendo que arranja trabalho num...e ...já estou a escrever muito o que não pode ser, pois não se pretende revelar tudo desta história maravilhosa :-).
Há um tema de extrema importância abordado aqui - violência doméstica. É descrito de uma forma tão dolorosa que por vezes nos custam algumas passagens, mas é importante lê-las e sentir se é admissível permitir esta ou outro tipo de violência nas nossas vidas.
Não conhecia a autora, desconheço se escreveu mais livros, mas este, meu Deus é maravilhoso! Vale mesmo a pena pegar nele de devorá-lo num só trago, enjoy!
400 páginas
Porto Editora
Autora: Holly Ringland
*****a minha classificação no GoodReads
400 páginas
Porto Editora
Autora: Holly Ringland
*****a minha classificação no GoodReads
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