Acabei hoje de ler este livro e a sensação, ao terminar a última página foi: WOW!!
Bem, nem sei por onde começar, mas sei que a altura ideal de comentar um livro é mesmo momentos depois de o ter lido pois está tudo fresco...por outro lado, se deixarmos passar algum tempo após a sua leitura e só depois comentarmos, pode ser que a nossa opinião seja mais madura e consistente. Mas, neste momento, o que sei é que quero fazê-lo já! E portanto, é a quente.
Este livro vem na continuação da "História de Uma Serva" da mesma autora (cuja opinião está também neste blog). E o interessante é que a autora refere que "Os Testamentos" foi escrito na tentativa de responder a várias perguntas que os leitores lhe iam colocando depois da leitura do primeiro livro. Repare-se que foi escrito cerca de 34 anos depois do primeiro livro! Ou seja, este livro foi concebido, fundamentalmente, a partir das questões dos leitores acerca do primeiro livro, mas é claro, tem também muito da sociedade atual (segundo Margaret Atwood).
A sociedade construída por Margaret Atwood, é tão bem descrita que francamente nos sentimos a percorrer as ruas e as casas e os vários cenários do livro, o que, não é nada agradável! E não é agradável porque se trata de uma sociedade doentia que trata o sexo feminino como "abaixo de cão", sendo que as mulheres são apenas um instrumento, ou de reprodução (no caso das Servas), de trabalho doméstico (no caso das Martas), de "troféu" (no caso das Esposas desposadas pelos Comandantes, grandes senhores desta sociedade). Mas, há mulheres aqui com um "nada mais" de poder (nunca tanto como os homens), elas são as Tias que "domesticam" e ensinam a serem boas esposas (as Esposas) e boas servas (as Servas). Também há as Econoesposas, mulheres de homens que são são Comandantes, portanto, considerados homens de classe inferior.
Como muita coisa ficou por dizer no primeiro livro, a autora aproveita neste seu segundo livro, para ir descrevendo tudo muito bem descrito através da visão de 3 protagonistas principais nos Testamentos: uma infiltrada do Canadá (país vizinho de Gileade - esta nação distopica); uma Tia poderosa e uma outra rapariga, criada neste sistema e que eventualmente estará ligada a personagens do primeiro livro.
E não consigo dizer muito mais da história sem estar a dar spoiler que é coisa que não quero, de todo em todo. Posso no entanto refletir em muitas coisas acerca desta sociedade. É um livro que nos faz pensar que a sociedade ideal não existe e que quanto mais a tentamos alcançar, mais erramos por estar a excluir e descriminar e separar e julgar e tudo o que é de negativo. Sim, somos humanos e devemos aceitar todas as diferenças (e no momento atual é ainda mais pertinente o que escrevo). É preciso ser consciente que todo o tipo de radicalismo, cai sempre nos pólos opostos e quando o bom senso não existe cometem-se atos que são "pior emenda que o soneto" e corre-se o risco de, no extremo, criarem-se sociedades distópicas. Por outro lado, a ignorância e falta de conhecimento é sempre o instrumento de um mal maior e uma sociedade que, por exemplo, censura, omite, esconde e negligencia, é sempre uma sociedade que vai queimar e ocultar todas as fontes de conhecimento (como são livros e outras fontes de informação).
Nesta sociedade, ler é completamente proibido! Imaginem um mundo sem livros e sem leitura, isto é do pior! Mas o desaparecimento dos livros, como fonte do conhecimento e saber/informação é retratada como pedra basilar em muitas histórias distópicas em que a ignorância e falta de conhecimento conduzem a um mal maior. E disto tenho eu a certeza...quanto mais ignorante for uma sociedade, quanto menos conhecimento tiver essa sociedade, associado a uma falta empatia pelo ser humano e pelo meio que a rodeia (tão importante quanto o conhecimento e a informação), mais mal pode provocar essa sociedade a si, aos outros e à natureza.
Quem quer fazer perpetuar a ignorância, retirando livros e outras fontes de conhecimento, não deseja que a humanidade desenvolva o conhecimento e a sabedoria, e para quê? Essa é de fácil resposta! Quanto a mim, para dominar, perpetuar e mandar - exercer domínio no outro e sobre o outro...para quê? Para fazer o que bem lhe apetece (e quando falamos de gente desequilibrada e sem humanidade isto torna-se muito muito perigoso), sem que tenha consequências disso.
É isto que fazem os livros...abrem mentes!
Ahh..claro está que este livro tem a série que é muito conhecida - Handmaid´s Tale, sendo que ainda não a vi e não sei se quero estragar a ideia com que fiquei dos livros, é sempre complicado para mim decidir ver séries depois de ler livros tão bons. Fica cá em baixo o trailer da série adaptada do livro "História de Uma Serva"
450 páginas
Autor: Margaret Atwood
Editora: Bertrand
*****a minha classificação no GoodReads
Editora: Bertrand
*****a minha classificação no GoodReads
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