Tom Hazard, nasceu com uma patologia que o faz envelhecer muito muito lentamente.
Aparenta ter 40 anos, mas na realidade tem 400 ! Passou por várias épocas na Terra, testemunhou muitas atrocidades características de tempos escuros onde tudo era permitido porque a ignorância e o preconceito abundavam nestas épocas. Retrato típico da Idade Média em que se lançavam seres humanos à fogueira, só porque sim!Ao longo da sua longa vida, Tom conheceu vários ilustres, das mais variadas áreas, tais como: Shakespeare, Capitão Cook e Fitzgerald, este último, autor do livro "O Grande Gatsby."
A dada altura, Tom sobrevive, arrasta-se ao longo dos séculos devido a uma promessa que fez à mãe...permanecer vivo. Só que para quem como Tom vai perdendo todos os seus mais queridos, a vida passa a ser um vazio, oco e difícil de ser preenchido. Não pode, não deve criar laços com ninguém... e que nos adianta continuarmos vivos se todos os que mais amamos vão morrendo? Pior, se todos os que mais amamos podem vir a ser mortos exatamente por nossa causa? Por sermos assim uma espécie rara, muito procurada que se tem de esconder a todo custo?
Tom, em 1599 conhece o grande amor da sua vida. Mais uma vez, em fuga de tudo e de todos o nosso homem, esbarra com a rapariga que acaba por vir a tornar-se sua mulher...
Atualmente, Tom é professor de história (o livro tem partes no passado e outras no presente). E que melhor profissão do que esta quando se testemunham tantos acontecimentos ao longo da vida? A História, de certo, seria uma disciplina vibrante se fosse lecionada por quem conheceu as suas personagens em "carne e osso" e consegue confidenciar pormenores que não vêm nos manuais! Tom, era esse professor e consegue até cativar alguns dos mais difíceis alunos...
Ao longo deste romance, fui fazendo paralelos até com os ataques de pânico (que Tom parece ter em abundância) e o reviver de momentos dramáticos do passado. Por reviver constantemente momentos profundamente tristes da sua vida (e outros que nem são assim tão tristes) a mente de Tom é uma miscelânea confusa, triste e deprimida, presa ao MEDO que o pior volte a repetir-se. O medo constante de Tom ser de algum modo "denunciado" ou apanhado de alguma forma e servir de cobaia para quem quer que quisesse estudar a sua condição, leva-o a fazer escolhas que se calhar ainda o "prendem" mais e o atiram para um fundo cada vez mais fundo do poço. Sim, talvez o medo de diferentes escolhas, os "se" da vida são determinantes para uma vida livre ou aprisionada...tudo são escolhas, as que fazemos ou as que deixamos de fazer.
É portanto um livro cheio de conteúdos que vão para lá, muito para lá da própria história que é narrada. Há imensas reflexões que se podem fazer e adorei isso!
Esta é apenas uma das frases que me deixou de boca aberta, até porque eu sinto isto de cada de nós, habitantes deste nosso planeta:
"Já fui tantas pessoas diferentes, desempenhei tantos papéis diferentes na minha vida. Eu não sou uma pessoa. Sou um multidão num só corpo."
Emoções / sentimentos despertadas com este livro:
- Medo;
- Apreensão;
- Desconfiança;
- Amor;
- Esperança;
- Renovação.
🌠Ler quando:
- sente que a vida é curta.
- não compreende que os ataques de pânico podem estar relacionados com as vivências do passado e com o medo de que se voltem a repetir.
- não acredita que podem existir amizades e amores eternos.
- precisa de se libertar do medo de escolher com liberdade :-)
318 páginas
Autor: Matt Haig
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