Com uma escrita sublime, José Luis Peixoto conduz-nos através da vida do grande empresário da Delta cafés, o senhor Rui Nabeiro. Este livro nem sempre é de fácil leitura, pois muitas vezes parece que estamos em fluxo de consciência. O autor alterna entre a primeira pessoa, como se estivesse nos pés do personagem principal — Nabeiro, outras vezes, a história é contada na terceira pessoa.
Há frases que ficam marcadas — coloquei post-its em várias páginas do livro, pois são únicas, são tão magníficas e, ao mesmo tempo, tão simples que foram as partes que mais gostei de ler. Passo a transcrever duas destas frases, sem, penso eu, correr o risco de dar denunciar a história:
"Se deixámos de ser quem éramos, quem passámos a ser? Ou será que não deixámos de ser quem éramos e passamos a saber melhor quem sempre fomos? "
"O silêncio é quebrado por uma explosão, estilhaça-se o silêncio em mil pedaços."
A todo o momento somos recordados que o Sr. Rui não é e nunca foi doutor e que não quer ser tratado como tal. As suas origens são muito humildes e temos a prova disso mesmo ao longo de toda a história, onde lemos várias partes da infância e da adolescência deste empresário de Campo Maior.
Rui Nabeiro fez também muito pela sua terra - Alentejo, Campo Maior e pelas suas gentes, pelo que é reconhecido não só em Campo Maior, como também em Espanha, onde desde cedo foi para negociar o seu café.
Através desta história cheia de idas e vindas do passado para o presente e deste para o passado, vamos percorrendo a vida de Nabeiro, vamos conhecendo um pouco da vida dos seus pais que a tanto custo foram criando os filhos, dos seus irmãos e do tio mais próximo, que talvez o tenha influenciado mais. Compreendemos como nasceu a ideia da fábrica da Delta e que Nabeiro trata com reverência e reconhecimento todos os seus trabalhadores e que estes lhe reconhecem mérito e lhe são dedicados, tendo por ele um enorme respeito e consideração. Este respeito que Nabeiro tem por toda a gente e que é sem dúvida retribuído, é muito visível nesta passagem:
" O meu tio Joaquim ensinou-me a ir onde for preciso, e falar com as pessoa. Vale a pena falar até com aqueles que não nos dão uma oportunidade, que nos sujeitam à pior injustiça. Custa, mas vale a pena. O mais certo será que a gente goste dessas pessoas e que, afinal, essas pessoas acabem por gostar da gente."
Claro está que fiquei cheia de vontade de ler mais livros deste autor e que "Galveias" é daqueles que mais tenho curiosidade em ler.
- Respeito e consideração
- Perseverança e não desistência;
- Não desistência de sonhos;
- Ideias e criatividade;
- Luta;
- União;
- Família.
🌠Ler para:
- saber mais acerca de personalidades importantes portuguesas;
- matar a curiosidade acerca das vivências nos anos 20 a 30 em Portugal;
- reviver ou saber como foi vivido o 25 de abril por pessoas do povo (trabalhadores de fábricas);
- ficar a conhecer o dono da Delta cafés e a sua relação com a sua valiosa família.
Título: Almoço de Domingo
267 páginas.
Autor: José Luis Peixoto
Editora: Quetzal
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