quinta-feira, 28 de maio de 2020

Alçapão de João Leal

E eis que leio um livro de um autor nacional, completamente desconhecido para mim e que de repente gostei imenso e fiquei agradavelmente surpreendida.
Esta história tem várias nuances, vários tempos/espaços e quando menos se espera, atravessa um muro, passando para o fantástico...estão a ver aquela parte do Harry Potter na estação de comboios onde para ir para um mundo mágico ele corre de encontro a um muro e segue para além do mundo real com a sua bagagem e tudo? Pois é mais ou menos isso! 

Temos uma primeira parte da história em que dois irmãos se vêm separados porque a família que têm (pai e mãe) são brutalmente assassinados, sendo que só mais tarde se vem a saber o que de facto terá acontecido. Rodrigo, a personagem principal segue a sua vida até aos 18 anos num orfanato (S. João) regido por monges rigorosos e ao mesmo tempo negligentes. Aqui, ele tem que se desenvencilhar, seguindo um lema cruel de um lugar que tinha tudo menos carinho e humanidade.

O irmão segue a sua vida junto a uma família que o adota e torna-se um jogador famoso de futebol.
Rodrigo, bem mais para a frente na história conhece um padre que descobre numa espécie de esconderijo do convento e fica profundamente emocionado quando o ouve tocar saxofone e é assim que a história destes dois se cruza (embora não se tivesse cruzado só aqui...). Vilhena afinal não era bem um padre e só muito mais tarde nós descobrimos qual é a natureza deste personagem.
Existe em paralelo a narrativa de uma ilha algures num oceano longínquo que anda à deriva e cujos habitantes pensam que são os únicos à superfície da Terra, ou antes, não ousam imaginar que existem outros seres humanos fora da ilha porque isso poderia querer dizer que se desgraçavam a sair dali para ir à procura de mais gente humana. Ezquiel acaba por ser das personagens mais importantes desta ilha de Lothar  e vai sê-lo por diversos motivos.

No fim, as várias narrativas tocam-se e conseguimos perceber muitas das coisas que eram um mistério. 
Embora tivesse gostado mais da parte da história acerca do Rodrigo, e ficasse com a sensação de algo esquisito e a não "encaixar", por talvez, terem ficado algumas pontas soltas (na minha humilde opinião), gostei bastante do que li, sendo que até foi uma estreia para mim na mitologia (sim porque entram deuses variados e coisas absolutamente fantásticas!).

O mais interessante é que alçapão, apesar de nos remeter logo para um lugar parecido com uma cave que se desce a partir de uma abertura / porta no chão, lembrado-nos logo de mil filmes de terror, esta porta/abertura neste livro, não é bem física, não existe na realidade palpável e ao mesmo tempo existe..(e mais não digo)! 

Autor: João Leal
Editora: Quetzal
297 páginas

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