quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

MAUS de Art Spiegelman


 Este livro, em forma de novela gráfica, é absolutamente horripilante, não por ser um mau livro, antes pelo contrário, mas porque traduz de uma forma extremamente gráfica (pois tinha que ser...) o que foram os tempos nos campos de concentração, no holocausto. Horrível, porque consegue com as suas imagens confusas e escuras, transmitir claramente o horror, a frieza, o medo, a desumanização. Apenas porque houve alguém que se lembrou argumentar sobre a supremacia da raça ariana...e cientificamente se prova, atualmente, que não há raças na humanidade, sendo que tais considerações não fazem qualquer sentido e também não colaboram para a nossa evolução enquanto humanidade. 

Tudo o que tem por base a separação e discriminação de seres humanos, revela ignorância e não nos eleva. Quando, baseando-se nesses argumentos, se usa violência e tratamento desumano, aí então fica mais claro ainda que não faz sentido (non sense)

Nunca gostei muito de ver filmes ou ler livros sobre esta temática, ao contrário do que é hábito de muitos leitores que adoram ler sobre estas temáticas, Ao contrário, ao lê-las ou ao visualizar filmes sobre o assunto, sou transportada para aqueles locais onde o ser humano deixou de o ser e não aguento muito suportar esta verdade. Uma verdade em que se cometeram atrocidades contra a humanidade. Certo sim que temos de as relembrar para não as repetir, mas não sei muito bem se relembrá-las significa automaticamente repeti-las...esperemos que sim!

Há quem diga até que a realidade é pior do que nos livros ou nos filmes, sobre este acontecimento - extermínio de judeus na II Guerra Mundial, não tenho dúvidas de que o foi - a realidade foi bem pior ao ser vivida pelos seus protagonistas, particularmente para quem foi humilhado, só por ser judeu.

Talvez tenha que ler mais sobre as causas, razões que deram origem a esta barbárie, porque sinceramente não compreendo, é algo que me ultrapassa. Colocar seres humanos a trabalharem e a sobreviverem nas condições relatadas por quem sobreviveu, é algo que por mais que tente, não consigo compreender.

Outra coisa que não conseguirei fazer (penso eu) é visitar esses locais que antes foram campos de concentração nazis. Nem consigo bem perceber porque há tanta gente a querer fazê-lo. Ir a esses locais deve ser uma carga brutalmente negativa e para isso prefiro visitar outros sítios que me façam sorrir e não sentir o meu coração pesado.

Bem, vamos à história...Art Spiegelman conta-nos a história do que se passou com o seu pai, por altura do Holocausto. Como foi parar ele, e a mãe de Art, ao campo de concentração, como vivia com medo e escondido, nos dias anteriores à invasão por parte das tropas de Hitler, e como ficou ele após tudo isto acontecer.

O livro apresenta-nos o passado, em que o pai de Art relata o que aconteceu e o presente, em que chegamos à conclusão de que apesar de ser um sobrevivente não se "salvou", na realidade, transformou-se numa pessoa super insegura e com vários apegos a coisas e a dinheiro que tornam, muito difícil, a sua convivência com os que lhe são mais próximos.

Há momentos que são confusos para mim, pois a história salta muitas vezes, quer de personagens, tempos, fiquei um pouco baralhada em várias situações e a gramática torna a leitura ainda mais complicada. Os desenhos, são realmente escuros, também confusos, muitas sombras, mas penso que foi mesmo de propósito pois passam claramente a mensagem que querem passar.

Interessante que aqui os judeus são retratados como se fossem ratos e os alemães são gatos, o que é muito sugestivo.

Para mim não foi uma leitura super magnífica, mas sem dúvida uma leitura com conteúdo e boa portanto.

Emoções / sentimentos despertadas com este livro: 

  • Desumanização.
  • Perseguição.
  • Compaixão.
  • Desespero.
  • Segregação.

🌠Ler quando quer aprofundar:

- O sofrimento do povo judeu na II Guerra Mundial.

- O sentimento de descriminação humana.

- O que é ser humilhado e despojado de qualquer direito humano.

- A exigência de não esquecer a história para que ela não se repita nos seus capítulos mais negros.

296 páginas
Autor: Art Spiegelman
Editora: Bertrand    

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